domingo, 29 de setembro de 2013

NAS MALHAS DO APEGO: NATUREZA, CULTURA E DESENVOLVIMENTO HUMANO





Fonte:  Cognição, Afetividade e Cultura, Sérgio da Silva Leite (org) Casa do Psicólogo São Paulo, 2002)
(Capítulo de autoria de Vera Silvia Raad Bussab)
Anotações
O apego é um instrumento primário e instintivo (Bowlby, 1969, 1974), demonstrando isso pelo fato do vínculo se formar através de interações lúdicas e afetuosas.
Foram as relações de apego que criaram a base para o desenvolvimento cultural, portanto, é necessário que se tenha um investimento afetuoso positivo nas relações de Educação.
A matriz dessas interações por parte da criança é construída no seu entorno familiar. A partir das vivências cotidianas, a criança torna-se capaz de se relacionar com o mundo, tendo como base as estruturas que lhe forneceram as relações de apego construídas em seu lar.
Heidi Keller nos traz aportes significativos sobre o modo como se formam as escolhas dos sujeitos sociais: ou individualistas ou coletivistas.
Segundo a autora, já na primeira infância é muito importante a calorosidade e a afetividade positiva dos adultos em relação ao bebê para que ele construa laços positivos com o seu entorno.
Entrelaçando essa investigação com o real, abre-se a possibilidade de refletir sobre o comportamento do filho do casal de policiais militares que tinha uma doença congênita que o mataria dentro de poucos anos, segundo diagnósticos médicos.
Somando a isso, o tipo de Vídeo game que a criança assistia que se referia a matadores de aluguel, onde a banalização da vida era constante e pueril.
Não é necessário ter formação psicológica ou psiquiatra para entender que as relações cognitivas, afetuosas e culturais daquela criança o estimularam a desprezar a vida e a odiá-la, não tendo referência positiva de afeto, a não ser a de papel social de justiceiro pelas próprias mãos e é sabido o caso de policiais militares que matam e agridem sem um motivo básico.
Todas essas conjunturas a desesperança, o desamor, o dever do soldado ( A ROTA É FODA (frase do menino escrita em um de seus cadernos escolares) o levaram a tirar a própria vida e a de sua família.
SISTEMA I: Sistema de cuidado primário que inclui alimentação, abrigo e proteção.
 Voltando ao tema em foco, a amamentação dos filhos das famílias que tem extrema pobreza pode ser um dos únicos momentos onde a interação afetiva se constrói. Em Rajput, na India,as  mães  dizem que todas as crianças são iguais e não prestam muita atenção a elas, o que pode explicar alta mortalidade infantil.
SISTEMA II:
Sistema corporal e ato de carregar: em caçadores coletores e em determinadas civilizações, o ato de carregar a criança a protege dos perigos do meio e lhe dá uma base de segurança a mais.
SISTEMA III: Sistema de estimulação
O fato de brincar com o bebê, de lidar com o seu corpo, de fazê-lo ter consciência de suas percepção  corporal o dota de experiências que o farão desenvolver, de modo positivo a contingências emocionais e compartilhamentos afetivos.A criança descobre a eficiência do próprio corpo em relação ao ambiente;
SISTEMA IV: Sistema face a face
A “catação” acústica, definida por Durban (1966), como o meio de promover elos entre os indivíduos como a catação entre os primatas, que se resume entre os contatos das pseudo linguagem entre mães, pais, filhos e filhas como importante procedimento para uma base segura da relação de afetividade positiva,primeiro entre os membros do grupo social inicial que é o familiar, segundo do indivíduo para seus pares, que é o que convive em outra esfera social e terceiro do individuo para o entorno.

Cria-se então uma Matriz de dimensão psicológica:
Self seguro:proteção e segurança: cuidados primários, filiação e parentesco; Self corporal: sistema de contato corporal e consciência do corpo e Self mental: individualização , no sistema face a face;





APRESENTAÇÃO DO TEMA DA PESQUISA 

A  ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA COMO OBJETO DE ESTUDO LIGADO A PSICOLOGIA EVOLUTIVA INFANTIL







O assunto da Cognição, Afetividade e Cultura, do qual tratou um Curso da UNESP de Assis,  provavelmente teve origem no conhecimento do GT da ANPEPP (Associação Nacional de Pesquisa e Pós Graduação em Psicologia).
O autor, organizador, Sérgio Silva Leite, que é da Faculdade da UNICAMP, com um interesse coletado em um Memorial http://www.fe.unicamp.br/alle/memoriais/SergioLeite.pdf, publicou um livro Cultura, Cognição e Afetividade, editado em 2002 pela Casa do Psicólogo, onde ele nos lança bases para o conhecimento superior, da Alfabetização Científica, onde sairemos do círculo das Ideologias e da Metodologia sócio interacionista, de cunho construtivista e veremos a Alfabetização e as relações entre Educador e educando com um viés cientifico ancorado em autores como Maturana, Varella, Morin, Piaget, Bowlby, entre outros autores presentes no Curso e no GT da ANPEPP.
Acredito que a Pesquisa científica  de caráter individual por parte de uma professora primária na área da Educação e da Psicologia, sem o fomento de instituições como CNPQ , FAPESP e CAPES, encontra um terreno árido e sem possibilidades como fazer Poesia.
Poesia e Pesquisa Científica são áreas que matam de fome no caráter individual e que dão pleno reconhecimento em caráter corporativista, se você tiver uma rede de relações certas, ser a pessoa certa no momento certo.
Na Faculdade, tendo uma tarefa do temido Pré Projeto de Pesquisa, e precisando escolher um tema, eu indaguei a uma Professora o que seria aceitável para que eu pudesse lograr êxito.
Ela me ofereceu justamente esse assunto que me despertou interesse nos tempos de agora: Psicologia Evolutiva infantil baseada em Piaget. Resolvi falar das condições de desigualdade da mulher no mercado de trabalho e não fui muito feliz na abordagem, porque aquele era meu primeiro Projeto.
Saindo do campo do Egocentrismo, e me amarrando aos ditames de Slavoi Zizek ( Alguém disse Totalitarismo? Cinco intervenções no (Mau) Uso de uma noção){ Trad. Rogério Bettoni}, a democracia liberal tem suas limitações seus mecanismos não são fortes o suficiente para controlar problemas ecológicos e econômicos (p.03, Ilustríssima, Folha de São Paulo).
Vejo de outra forma o meu problema de Pesquisa: se dermos igualdades de condições a mulheres e homens, a sociedade saberá lidar com isso?
No campo que lhe é próprio, o da exploração de seu próprio corpo, como moeda de troca, a facilitação da abordagem masculina ou a oferta explícita das mulheres alterou em muito o campo da sexualidade e da sensualidade: acabou-se o mistério, o prazer da conquista e os homens (alguns)  estão interessados em outros homens.
Se vencermos mais essa barreira, a estrutura estatal sobre nossas mentes e corpos, alterará seu curso. Um exemplo disso o de não saber fazer uso da liberdade, foi a violência de vândalos nas manifestações populares, destruindo  patrimônio público.

Mas voltando ao que interessa, entrando na Direita como condicionante e como necessidade, aceito com interesse o pesquisar a Psicologia Evolutiva da criança na área da Educação e suas vertentes:Medicalização da Sociedade , Metodologias de ensino, Ideologias reflexivas e refletoras. 

sábado, 28 de setembro de 2013

A FAVOR DA EDUCAÇÃO PARA A PAZ




O mal estar social e o confronto de valores, o Estado laico

Com Marx, aprendemos a ideia da mais valia,  do auto adestramento do sujeito contemporâneo que, conformado as regras e ao ideário social, elege como superiores os detentores de maior poder político e econômico, sobrevive apegado às bases da Ideologia e da hegemonia predominantes, tendo a Escola um papel de reprodutora dos ideais dominantes: a exclusão dos diferentes.
Com Foucault, aprendemos as bases punitivas que regem a sociedade atual, escolas, manicômios, hospitais e as demais instituições, presas ao binômio do vigiar e punir.
Com Freud, aprofundamos o viés do mal estar social e com Nietszche aprendemos sobre a morte de Deus.
As representações sociais e morais de professores e professoras se constroem sob esse pano de fundo, ignorantes do próprio poder e subjugados as Ideologias de classe e corpo social, como bem observou Muraro, sob outro aspecto, envolvendo outros sujeitos sociais.
Nessa fumegação  de valores e anti-valores, entre o amor e o ódio, entre esperanças e resignações, constroem o sujeito escolar, o discente;
Já não se pode orar com os alunos, Deus está morto? O Estado é laico, observa um artigo da Constituição:
Um Estado laico defende a liberdade religiosa a todos os seus cidadãos e não permite a interferência de correntes religiosas em matérias sociopolíticas e culturais.
Isso não quer dizer que não podemos dar uma orientação de Educação para a Paz, para os nossos alunos e alunas, que seguem a deriva, sugestionados pelas músicas onde a sensualidade é exaltada, a erotização precoce é instigada, mentes e corpos obedecendo a uma moral de luxúria e devassidão, onde as relações homossexuais e heterossexuais se fazem de qualquer modo  e os meninos e as meninas não tem freio para a sua descoberta.
Multiplicam-se os abortos ilegais e os atos de violência familiar , onde ocorre casos como aquele garoto cujo leite a alimento matinal foi o game Assassin´s Creeds.
Talvez, como alguém que defende uma postura simples, orar a Deus na manhã, pedir por amor e alegria, cause um impacto sobre a mente e os corações de algumas crianças, que estão formando a sua personalidade.
Os outros, já cauterizados pelos seus dilemas familiares onde o consumo e a necessidade no ter e não do ser impera, guarde um silencio desdenhoso ou interfira, fazendo barulho na hora da Oração.
De qualquer modo, uma professora ou um professor não tem o direito de deixar seus alunos sem a ideia da bondade, da misericórdia, da caridade, do amor ao próximo, do respeito mútuo. Como não temos cartilhas de Educação moral, somente a Paz e o Amor de Jesus , Filho de Deus supre essa carência.
Trabalho numa escola onde Papai Noel e o Coelhinho da Páscoa podem existir, mas Jesus Cristo não pode existir?
Uma coisa é entender que a Colonização do Brasil teve uma base cristã, onde disfarçada sobre uma aparência piedosa, a sede de explorar era o verdadeiro significado.
Mas a idéia do bom, do belo e do moralmente correto deve ser ensinado,sem seguir doutrinas e placas de Igreja.
Ensina o menino e menina o correto caminho que se deve andar, para que, crescendo, não se desvie dele.




sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Um poema sobre a Leitura



SALA DE LEITURA










O prazer da leitura - Rubem Alves

Rubem Alves
Gaiolas ou Asas – A arte do voo ou a busca da alegria de aprender
Porto, Edições Asa, 2004

Excertos adaptados


Alfabetizar é ensinar a ler. A palavra alfabetizar vem de "alfabeto". "Alfabeto" é o conjunto das letras de uma língua, colocadas numa certa ordem. É a mesma coisa que "abecedário". A palavra "alfabeto" é formada com as duas primeiras letras do alfabeto grego: "alfa" e "beta". E "abecedário", com a junção das quatro primeiras letras do nosso alfabeto: "a", "b", "c" e "d". Assim sendo, pensei a possibilidade engraçada de que "abecedarizar", palavra inexistente, pudesse ser sinónimo de "alfabetizar"...

"Alfabetizar", palavra aparentemente inocente, contém a teoria de como se aprende a ler. Aprende-se a ler aprendendo-se as letras do alfabeto. Primeiro as letras. Depois, juntando-se as letras, as sílabas. Depois, juntando-se as sílabas, aparecem as palavras...

E assim era. Lembro-me da criançada a repetir em coro, sob a regência da professora: "bê-á-bá; bê-e-bê; bê-i-bi; bê-ó-bó; bê-u-bu"... Estou a olhar para um postal, miniatura de um dos cartazes que antigamente se usavam como tema de redacção: uma menina deitada de bruços sobre um divã, queixo apoiado na mão, tendo à sua frente um livro aberto onde se vê "fa", "fe", "fi", "fo", "fu"...

Se é assim que se ensina a ler, ensinando as letras, imagino que o ensino da música se deveria chamar "dorremizar": aprender o dó, o ré, o mi... Juntam-se as notas e a música aparece! Posso imaginar, então, uma aula de iniciação musical em que os alunos ficassem a repetir as notas, sob a regência da professora, na esperança de que, da repetição das notas, a música aparecesse...

Todo a gente sabe que não é assim que se ensina música. A mãe pega no bebé e embala-o, cantando uma canção. E a criança percebe a canção. O que o bebé ouve é a música, e não cada nota, separadamente! E a evidência da sua compreensão está no facto de que ele se tranquiliza e dorme – mesmo nada sabendo sobre notas!

Eu aprendi a gostar de música clássica muito antes de saber as notas: a minha mãe tocava-as ao piano e elas ficaram gravadas na minha cabeça. Somente depois, já fascinado pela música, fui aprender as notas – porque queria tocar piano. A aprendizagem da música começa como percepção de uma totalidade – e nunca com o conhecimento das partes.

Isto é verdadeiro também sobre aprender a ler. Tudo começa quando a criança fica fascinada com as coisas maravilhosas que moram dentro do livro. Não são as letras, as sílabas e as palavras que fascinam. É a história. A aprendizagem da leitura começa antes da aprendizagem das letras: quando alguém lê e a criança escuta com prazer. A criança volta-se para aqueles sinais misteriosos chamados letras. Deseja decifrá-los, compreendê-los – porque eles são a chave que abre o mundo das delícias que moram no livro! Deseja autonomia: ser capaz de chegar ao prazer do texto sem precisar da mediação da pessoa que o está a ler.

Num primeiro momento, as delícias do texto encontram-se na fala do professor. Usando uma sugestão de Melanie Klein, o professor, no acto de ler para os seus alunos, é o "seio bom", o mediador que liga o aluno ao prazer do texto. Confesso nunca ter tido prazer algum em aulas de gramática ou de análise sintáctica. Não foi nelas que aprendi as delícias da literatura. Mas lembro-me com alegria das aulas de leitura. Na verdade, não eram aulas. Eram concertos. A professora lia, interpretava o texto, e nós ouvíamos, extasiados. Ninguém falava.

Antes de ler Monteiro Lobato, eu ouvi-o. E o bom era que não havia exames sobre aquelas aulas. Era prazer puro. Existe uma incompatibilidade total entre a experiência prazerosa da leitura – experiência vagabunda! – e a experiência de ler a fim de responder a questionários de interpretação e compreensão. Era sempre uma tristeza quando a professora fechava o livro...

Vejo, assim, a cena original: a mãe ou o pai, livro aberto, a ler para o filho... Essa experiência é o aperitivo que ficará para sempre guardado na memória afectiva da criança. Na ausência da mãe ou do pai, a criança olhará para o livro com desejo e inveja. Desejo, porque ela quer experimentar as delícias que estão contidas nas palavras. E inveja, porque ela gostaria de ter o saber do pai e da mãe: eles são aqueles que têm a chave que abre as portas de um mundo maravilhoso!

Roland Barthes faz uso de uma linda metáfora poética para descrever o que ele desejava fazer, como professor:maternagem – continuar a fazer aquilo que a mãe faz. É isso mesmo: na escola, o professor deverá continuar o processo de leitura afectuosa. Ele lê: a criança ouve, extasiada! Seduzida, ela pedirá: Por favor, ensine-me! Eu quero poder entrar no livro por minha própria conta...

Toda a aprendizagem começa com um pedido. Se não houver o pedido, a aprendizagem não acontece. Há aquele velho ditado: É fácil levar a égua até ao meio do ribeirão. O difícil é convencer a égua a beber. Traduzido pela Adélia Prado: Não quero faca nem queijo. Quero é fome. Metáfora para o professor.

Todo o texto é uma partitura musical. As palavras são as notas. Se aquele que lê é um artista, se ele domina a técnica, se ele desliza sobre as palavras, se ele está possuído pelo texto – a beleza acontece. E o texto apossa-se do corpo de quem ouve. Mas se aquele que lê não domina a técnica, se luta com as palavras, se não desliza sobre elas – a leitura não produz prazer: queremos logo que ela acabe.

Assim, quem ensina a ler, isto é, aquele que lê para que os seus alunos tenham prazer no texto, tem de ser um artista. Só deveria ler aquele que está possuído pelo texto que lê. Por isso eu acho que deveria ser estabelecida nas nossas escolas a prática dos "concertos de leitura". Se há concertos de música erudita, jazz – por que não concertos de leitura? Ouvindo, os alunos experimentarão o prazer de ler.

E acontecerá com a leitura o mesmo que acontece com a música: depois de termos sido tocados pela sua beleza, é impossível esquecer. A leitura é uma droga perigosa: vicia... Se os jovens não gostam de ler, a culpa não é só deles. Foram forçados a aprender tantas coisas sobre os textos – gramática, usos da partícula "se", dígrafos, encontros consonantais, análise sintáctica – que não houve tempo para serem iniciados na única coisa que importa: a beleza musical do texto. E a missão do professor?

Acho que as escolas só terão realizado a sua missão se forem capazes de desenvolver nos alunos o prazer da leitura. O prazer da leitura é o pressuposto de tudo o mais. Quem gosta de ler tem nas mãos as chaves do mundo. Mas o que vejo a acontecer é o contrário. São raríssimos os casos de amor à leitura desenvolvido nas aulas de estudo formal da língua.

Paul Goodman, controverso pensador norte-americano, diz: Nunca ouvi falar de nenhum método para ensinar literatura (humanities) que não acabasse por matá-la. Parece que a sobrevivência do gosto pela literatura tem dependido de milagres aleatórios que são cada vez menos frequentes.

Vendem-se, nas livrarias, livros com resumos das obras literárias que saem nos exames. Quem aprende resumos de obras literárias para passar, aprende mais do que isso: aprende a odiar a literatura.

Sonho com o dia em que as crianças que lêem os meus livrinhos não terão de analisar dígrafos e encontros consonantais e em que o conhecimento das obras literárias não seja objecto de exames: os livros serão lidos pelo simples prazer da leitura.
Fonte: http://pagina-de-vida.blogspot.com.br/2007/05/o-prazer-da-leitura-rubem-alves.html





Leitura: uma odisséia rumo à descoberta



Por Gabriel Chalita
É impressionante como o mar e a leitura estão ligados de forma indelével há milhares de anos. O escritor argentino Jorge Luis Borges – amante inveterado dos livros – dizia uma frase que sintetiza bem esse conceito: “Toda a literatura declina de Homero”. A afirmação impactante do autor de Ficções expõe a importância do poeta grego, cujas obras Ilíada e Odisséia podem ser consideradas verdadeiros marcos da literatura ocidental.
Ambos são belíssimos, mas, em Odisséia, Homero criou uma das mais belas e instigantes histórias já escritas e na qual o mar exerce um papel fundamental no desenvolvimento de seu enredo. Afinal, o que seria de Ulisses (ou Odisseu) sem o mar como pano de fundo para suas aventuras? Da mesma forma, Luís de Camões e Fernando Pessoa – para citar apenas dois ícones da literatura de língua portuguesa – muitas vezes fizeram uso da pena para versificar sobre o mar, sua grandiosidade, sua imponência, sua beleza e sua relevância crucial para o progresso da civilização (grandes descobrimentos, novas rotas de navegação, possibilidade de expansão econômica, comercial etc.) Por meio da História e da Literatura, percebemos que o mar sempre foi palco de grandes aventuras, conquistas e numerosos feitos heróicos da humanidade. Esse mesmo sentimento de descoberta, de desbravamento e de heroísmo presente no espírito dos grandes navegadores também se apodera de todos os personagens reais da vida quando se envolvem, se entregam e se deixam levar pela fascinante viagem proporcionada pela leitura. Quando nos tornamos leitores e passamos a apreciar e valorizar devidamente essa condição, percebemos o quão maravilhoso é poder desvendar o universo e cruzar suas fronteiras de forma ilimitada. Em outras palavras, ler é singrar os mares em direção à esplêndida aventura do conhecimento e do aprendizado. Temos nos livros uma espécie de bússola que nos orienta – piratas e vikings curiosos e sedentos de experiências diversas – na direção exata de um tesouro singular: o saber. Passaporte imprescindível para quem deseja realizar a verdadeira viagem da vida. Neste novo tempo em que o verbo “navegar” ganhou conotações cibernéticas devido às novas ferramentas tecnológicas que nos auxiliam na busca contínua do entretenimento e da informação (leia-se internet), é preciso deixar claro: nada substitui o prazer e os ganhos proporcionados pela leitura de um bom livro. Sem uma sólida formação cultural, acabamos por subutilizar tanto a rede mundial de computadores como todas as demais criações tecnológicas, recebendo suas informações de forma fragmentada e descontextualizada. A leitura nos fornece as condições necessárias para ampliarmos nossos horizontes ao infinito. Aumentamos nossa capacidade crítica, nosso poder de argumentação, de discernimento, de persuasão… Adquirimos a força, a coragem, o entusiasmo, o dinamismo e o espírito adequado para enfrentar as grande tempestades, turbulências e desafios da jornada. Os livros nos credenciam para empreender com sucesso as expedições mais variadas, traçando o rumo de nosso próprio destino com talento, sabedoria e confiança. Em seu poema O Livro e a América, o poeta brasileiro Castro Alves mescla com maestria a relação metafórica mais do que pertinente entre o livro e o mar. Uma visão magistral e que, certamente, irá nos inspirar para que prossigamos esta reflexão que apenas iniciamos : “Oh, Bendito o que semeia / Livros… livros à mão cheia… / E manda o povo pensar! / O livro caindo n’alma / É gérmen – que faz a palma, / É chuva – que faz o mar”.
Fonte: http://www.gabrielchalita.com.br/index.php/o-escritor/textos/item/35-leitura-uma-odiss%C3%A9ia-rumo-%C3%A0-descoberta.html




quarta-feira, 4 de setembro de 2013

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NAS SÉRIES INICIAIS








A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NAS SÉRIES INICIAIS

Antigamente, lia-se se realmente gostava. Não  tínhamos o hábito da leitura como suporte para leitura de mundo., aliás, essa expressão viria a ser criada com o inesquecível Educador Paulo Freire.
Sempre me emociona a aventura da leitura nas séries iniciais. É muito emocionante quando aquela criança que construiu o hábito da Alfabetização e Letramento conosco começa a ler, entrecortado e depois adquire fluência.
Mais bonito ainda quando  a criança inventa de escrever com letra de mão e traz um caderno de caligrafia para que se passe lição de casa.

Resgata um pouco a cultura do manuscrito, onde nesse mundo cada vez mais informatizado, a escrita humana vem sendo substituída pela digitação, impessoal  e monótona, as vezes.
Nos estudos de grafologia, se mede a personalidade de uma pessoa pelo formato de sua escrita.
E a leitura de uma criança é o momento mais encantador que conheço. Ela passeia os olhos pelo papel e vai decifrando pouco a pouco as sílabas das palavras, dando-lhe vida, dando-lhe sonoridade.
Por isso, deve-se incutir o hábito da leitura desde  as séries iniciais, para que entre risos e lágrimas, suspiros e pausas, lembranças e desassossegos, vá se desenhando na alma da criança a escrita do mundo, o conhecimento , para que se verta e se converta na sua própria leitura do mundo.