sábado, 19 de janeiro de 2019

Menino veste azul, menina veste rosa, Professora veste o que dá tempo!!!

Férias... Um tempo e um lugar para refletir


Durante esse período em que se constrói um tempo de ócio ou de viagem, as reflexões sobre o agir pedagógico e a influência que um ano letivo de ensino na vida das crianças é constante.
Novo ano, nova turma e a insegurança para começar de novo vai diminuindo com a experiência. As crianças são muito importantes para renovação de ideias e de objetivos de vida.
Olhando para o passado, muito ficou para trás e algumas coisas começam a fazer sentido como a presença obrigatória na reunião das escolas dos filhos, o que nunca dá tempo, pois enquanto ocorrem essas reuniões, eu estou fazendo minha reunião ou estou na Faculdade.
Vida de professora é assim. A gente cuida mais dos alunos do que dos filhos e lembrando uma brincadeira do Diogo Almeida onde ele diz que menina veste rosa, menino veste azul e professora veste o que dá tempo. Lembrando das vezes que eu fui para a escola com a blusa do avesso...
Porém, aprendi a importância do viver o aqui e agora, a Gestalt e cuidar muito bem do momento presente, pois daqui há pouco ele já é passado.
Revendo minhas postagens, vi a fotografia do Arthur bebezinho, e percebo como é importante valorizar cada momento, ele já está indo para o Quinto ano...
Hoje, aprendo que férias é tempo de pausa e de valorizar a vivência com os meus filhos e filhas, reservando apenas duas horas por dia para pensar em Escola...  



Aprender a viver na Gestalt.
Lembrei da Professora falando que preciso voltar para a Terapia. Todos precisamos, professora. 
Mas essa questão é para o outro blog, Psicologia em foco.



Arthur... 










quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Um olhar para além da Metodologia, o respeito a Professora e ao Professor das séries iniciais


“Vivi o Estado Novo e passei pela ditadura, mas nunca vi um período tão assustador como este na Educação”
Fonte: 
 https://novaescola.org.br/conteudo/15004/vivi-o-estado-novo-e-passei-pela-ditadura-mas-nunca-vi-um-periodo-tao-assustador-como-este-na-educacao?

Essa frase de Magda Soares, uma autoridade na Educação brasileira, entristece tanto pelos anos de estudo e trabalho junto a alunos e professores  como denota o momento delicado pelo qual passa a Educação no nosso país.
Evidentemente, é necessário ter flexibilidade, pois ao comparar a trajetória e a experiência de Magda Soares e a de Carlos Nadalim, observa-se que há muita diferença entre as vivências dos dois.
Observo que o respeito que Magda coloca na suas afirmações sobre Nadalim demonstra que essa senhora ainda que pareça estar muito angustiada,  conserva o respeito e o bom senso que parece estar faltando para algumas pessoas que não entendem que gerir uma escola particular de propriedade privada num território que é um ambiente controlado não é a mesma coisa que gerir a educação de um país.
E assim, que eu, professora alfabetizadora, que venho tendo contato com os livros de Magda e entendendo que a Educação brasileira , que já passou pela fase da discussão de métodos e que segundo a autora já é um assunto ultrapassado, se apoia em  muitas variáveis que o próprio Carlos comenta e que não cabe colocar o peso do Fracasso escolar brasileiro somente na metodologia de ensino e seria muito cansativo discorrer sobre esses outros índices que dificultam o processo de ensino aprendizagem, já do conhecimento de todos e todas.
Assim sendo, nesse empreendimento de Carlos Nadalim e sua inciativa de pedir a colaboração dos pais na educação de seus filhos e filhas, em seus sites da Internet nos processos de alfabetização há muitos pontos a ponderar.
O ambiente escolar é  o segundo espaço de socialização da criança, pois o primeiro é o familiar, microcosmos onde se aprende a ser e a estar no pleno sentido e significado. Se o processo de alfabetização pudesse ser realizado somente em casa, não se trabalharia as  questões sobre a socialização infantil, o espaço da convivência , de pertencer a um grupo, o convívio com as frustrações, o ato de se construir como sujeito social.
A solidão excessiva, na primeira fase da vida produz sujeitos alienados, sendo necessário para impedir tal ocorrência, o exercício diário da alteridade, o contato com o outro.
“Assim como a alegria provém deste estar aberto ao encontro com a realidade, e principalmente com os outros e com o Outro, de modo que por meio desta abertura eles se constituem fundamento do nosso aperfeiçoamento, a angústia consistiria em se fechar a esse encontro, que por dispersão gregária, quer pela miragem de auto-suficiência. (Sofiste, 2018)
Tal condição para a socialização e o desenvolvimento de sujeitos saudáveis e equilibrados em um espaço público e político, (assim como Sócrates e os sofistas),  não impede as famílias auxiliarem na alfabetização das crianças, pois esse reforço já é por si só, o que a criança precisa para desenvolver sua autoestima e aprender a gostar de ler e escrever.
Infelizmente, o que se observa é a busca de culpadas ou culpados, em um discurso que muitas vezes é de ódio. Os discursos alternam-se: ora  é a formação inadequada dos professores, ou a falta de material escolar,  a estrutura do Livro didático, ou o baixo salário, ou a desestruturação das famílias, ou a deficiência do aluno que anda de braços dados com a Medicalização na Educação...
Não busquemos culpados. Somos nós, professoras e professores, pais e mães, diretores , coordenadores, supervisores, autores, pesquisadores que precisamos ensinar a essas crianças a base alfabética, a leitura do mundo, a convivência saudável e adequada...
Mas o primeiro ensino que devemos dar é o respeito a opinião e o ponto de vista do outro, tentando entender o seu caminho, o amor ao que o outro constrói, a possibilidade de mostrar-se ao outro, fenomenologicamente, sem pré julgamentos ou juízos de valor.
Onde a questão do método ressurge? Ressurge no ponto do currículo engessado, onde os professores precisam seguir as apostilas prontas e sujeitarem-se a serem escravos da metodologia, sem a alternância de métodos.
O Construtivismo não é método, é uma base epistemológica que defende o pepel ativo do sujeito na construção e elaboração de seu conhecimento.
O método ideal é aquele que a criança aprende, que lhe é de fácil compreensão. Assim como sugere Magda Soares ser eclético. Mas não com confusão, com misturas desnecessárias, tendo foco e objetivos.
Há analfabetos funcionais nas Universidades brasileiras, como afirma enfaticamente  Eduardo Bolsonaro em uma rede social, qualificando como crime? Sim, eles e elas existem, possivelmente frutos de um ensino que não era reflexivo e que provavelmente se prendia a métodos rígidos. (Ou não. Desnecessário encontrar culpados).
Um ensino sem Letramento. Letramento como o uso social da Leitura e da escrita. Qual é o possível excesso de alfabetizar letrando nas práticas escolares? Um ensino com base “conteúdista” que além das apostilas do Ler e Escrever, Projeto do Governo, também traz os livros didáticos que muitas vezes não são aproveitados. Pois temos também Projetos de Astronomia, de leitura, de momento cívico, de passeios fora da escola, de Artes, de Tecnologia,  de aulas de Inglês, Educação Física, etc e etc. A criança fica muito ocupada e talvez não sobra tempo para brincar e interagir, ou entender a base grafema fonema.
Nesse ponto, Nadalim tem uma certa razão, é necessário começar do alicerce, uma casa se constrói a partir dele, a simplicidade da compreensão da junção de letras, o seu som, a fonética, e depois, continuar a construção, levantando as paredes e colocando o teto.
Não se constrói uma casa começando pelas paredes. Simples. É do alicerce que precisamos, de forma objetiva, em um primeiro  momento . Se eu ensino com uma base fônica, não desmerecerei a leitura do mundo, um processo acompanha o outro.
 Subjetivamente, o alicerce é o saber do professor e da professora, que deve ter autonomia para adequar sua aula de acordo com a necessidade do aluno e da aluna, desenvolvendo uma base afetiva positiva, que não conseguirá se não for respeitado em seu saber fazer e aprender com os próprios erros.
Ponto final. Descobri o verdadeiro vilão, que não é o Senhor Letramento e nem o Senhor Fônico, é falta de RESPEITO a opinião e ao saber fazer do outro.

Fonte: "Pensando bem" Núcelo de Pesquisa e Educação da UFJF ; Sofiste, Gomes Juarez