domingo, 4 de março de 2012


PATRÍCIA RODRIGUES RUIZ







ALFABETIZAÇÃO NA ESCOLA PÚBLICA
Epistemologia na relação sujeito-objeto, práticas de alfabetização em face da realidade.

















UNESP
2012

PATRICIA RODRIGUES RUIZ






ALFABETIZAÇÃO NA ESCOLA PÚBLICA:
 Epistemologia na relação sujeito-objeto, práticas de alfabetização em face da realidade

                                                                   Projeto de Pesquisa apresentado ao Departamento de
                                                                   Psicologia da Faculdade de Ciências e Letras de Assis      
                                                                   ,sob a orientação do Profº Drº Leonardo  Lemos de So
                                                                  -uza   para aprovação no Curso de Mestrado na Facul-
                                                                   dade de Ciências e Letras de Assis, UNESP, 2012.



                
                                                            







ALFABETIZAÇÃO NA ESCOLA PÚBLICA
Patrícia Rodrigues Ruiz*
Resumo: A presente pesquisa apresenta dados epistemológicos na relação sujeito-objeto, tendo  sujeito como o aluno ou aluna da escola pública e o objeto a prática de alfabetização que se insere no contexto.
Aponta aportes teóricos vindos da abordagem de Jean Piaget e os relacionam com alguns dados obtidos em uma escola pública concernente as salas de Alfabetização, no período de fevereiro de 2009 a Março de 2012.
Na segunda parte do trabalho, demonstra, num mapa de sondagem diagnóstica, alterações sobre as aquisições da leitura e da escrita num período determinado de tempo, feitas em uma sala de alfabetização. Um trabalho que se inicia no ano letivo de 2012, e que procurará obter informações relevantes, colaborando na construção de conhecimento da área delimitada.
Os dados da Pesquisa foram  obtidos  através de dados empíricos, buscando relações teórico-metodológicas e reflexões advindas dos conhecimentos de uma Disciplina optativa de Pós Graduação: Cognição, Afetividade e Cultura.
Palavras chave: Alfabetização, aluno, escola pública, ensino, fundamental.
Abstract: This study presents data on the epistemological subject-object relation, and subject as a student or public school studentand the object the practice of literacy that fits into the context.
Points from the theoretical contributions of Jean Piaget approachand relate to some data obtained in a public school classroomsregarding Literacy, from February 2009 to March 2012.
In the second part of the work demonstrates a survey map ofdiagnostic changes on the acquisition of reading and writing within a specified period of time, made ​​in a classroom literacy.
A work that began in academic year 2012, and seek relevant information, helping to build knowledge from outside the area.
The data of this research were obtained from empirical data, searching for relationships and theoretical and methodologicalreflections that come from the knowledge of a discipline electiveGraduate: Cognition, Emotions and Culture.
Keywords: Literacy, students, public school teaching, fundamental.


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*Patrícia Rodrigues Ruiz é Professora do Ensino Fundamental na Secretaria da Educação de Assis e pós graduanda na Disciplina “Cognição, Afetividade e Cultura” no Depto de Psicologia da UNESP de Assis



Introdução
Jean Piaget, ao criar a Teoria do Desenvolvimento humano, trouxe uma contribuição ímpar para a Psicologia Cognitiva.
Inicialmente, pode-se asseverar que Piaget não escreveu sobre a aprendizagem das crianças e sim, sobre o seu desenvolvimento biopsicossocial,segundo conceitua Lino de Macedo (2012).
Lino de Macedo (2012), no site “Centro de Referência a Educação”, afirma que, sob a perspectiva de Piaget, a aprendizagem...”  refere-se à aquisição de uma resposta particular, aprendida em função da experiência, seja ela obtida de forma sistemática ou não.”
O autor reforça a idéia de que os professores devem saber quais são os esquemas operatórios de Jean Piaget, para
                                                               “... poderem apreciar a direção do desenvolvimento psicológico
                                                                  na perspectiva de Piaget. Saber de onde a criança vem e para on-
                                                                  de vai, em termos de desenvolvimento, é,em uma      perspectiva
                                                                  genética tão importante quanto saber onde ela está, ainda que um
                                                                 aspecto não anule o outro”.(Macedo, 2012).
Nessa fase, ao entrar no Ensino Fundamental, a criança tem a idade de seis anos e está no estágio pré-operatório. Estrutura suas representações ,segundo Piaget , de forma justaposta, sincrética e egocêntrica. Seu raciocínio é transdutivo e sua compreensão é de natureza intuitiva e semi-reversível (idem).
Macedo afirma que o professor deve saber mais do que essas razões psicológicas do desenvolvimento infantil. Ele deve, também, abordando essas informações, instrumentalizar sua prática pedagógica.
                                                         Para Piaget, um dos principais objetivos da educação pré-
                                                         Escolar seria ensinar a criança a observar os fatos cuidado-
                                                        samente, em especial ,quando esses são contrários aos pre-
                                                       vistos  por ela. (Ibidem, p.50).

Desse modo, observa-se que uma formação sólida e que contenha um aporte teórico-metodológico suficiente, contribua para que os professores exerçam o seu ofício de forma consciente a atenta as transformações de ordem cognitiva, afetiva e cultural das crianças.
No Ensino Fundamental de nove anos, no 1º ano, a criança, pela ótica de Piaget, está no Pré-Operatório, , o que pode tornar difícil o trabalho do docente, que está apegado ao modo tradicional, que não inseriu o lúdico e os jogos simbólicos em suas aulas.
                Tal afirmativa parte do pressuposto originado na minha prática da sala de aula.
Nessa fase, a criança tem características que interferem decisivamente na aquisição da leitura e da escrita, que é a interiorização de esquemas de ação, construídos no estágio anterior, sendo egocêntrica, querendo descobrir a razão das coisas e está na fase dos porquês.
Tem bastante percepção, mas se detém na aparência, sem relacionar os fatos que antecederam as experiências.
Utiliza de esquemas de assimilação e acomodação frente ao novo para construir o seu conhecimento.
Esquemas de assimilação e de acomodação vão sendo colocados em prática a todo o momento, para que as crianças construam seus conhecimentos e se apropriem do objeto de alfabetização: adquirir domínio sobre a leitura e sobre a escrita.
Emília Ferreiro conceitua em seu livro, que a construção primeira da leitura e da escrita ocorre antes da criança entrar na escola, e essa criança ela denomina de “sujeito que busca a aquisição do próprio conhecimento, que se propõe problemas e que passa a solucioná-los, segundo a própria metodologia”. (1999, p.27).
Em entrevista concedida a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Ferreiro afirma que os defensores do Método fônico não levam em consideração que a criança tem um nível de Conscientização sobre a escrita antes de entrar na escola.
Sobre essa questão, a autora afirma que não aceita discutir alfabetização hoje nos mesmos termos que se discutia nos anos 1920.
Ela afirma que
                                                 Os defensores do método fônico não levam em conta um dado que
                                                          hoje sabemos ser fundamental,que é o nível de conscientização da
                                                         criança sobre a escrita.Ignorar que ela pensa e tem condições de escre-
                                                         ver muito cedo é um retrocesso.Eu não admito que a proíbam de  es-
                                                         crever.A tradição fônica sempre foi dominante nos países anglo-saxô-
                                                          es.Felizmente, não é o que acontece nos países latinos.(UFRGS,2008)

O que diferencia as descobertas de Ferreiro das de Capovilla, (1989), é que, para a autora, a escrita representa a fala, não sendo necessário fazer a associação entre letras e sons inicialmente (Silva et all, 2008).
A linha teórica de Ferreiro se guia por uma abordagem construtivista-interacionista da aprendizagem.
No entanto, guiados  por índices alarmantes de fracasso escolar, Fernando e Alessandra Capovilla, lançaram, em 2008, um livro com uma proposta diferenciada de Alfabetização, onde colocam na metodologia de Ferreiro, discípula de Piaget, a causa do fracasso da alfabetização dos escolares brasileiros.
O método, chamado de global, tem feito com que a aprendizagem no Brasil não ocorra.
Uma coisa é entender os resultados da pesquisa de Ferreiro e Teberosky,como contribuição ao conhecimento científico e outra bem diferente, é insistir em métodos falhos que  não estão dando resultado.
Não se deve, contudo, ignorar as dificuldades econômicas,históricas,sociais,culturais que é a realidade no Brasil e que contribui  de forma negativa na aprendizagem.
Questões afetivas também fazem parte desse  universo em que os complicadores da questão nem sempre são refletidos o suficiente.
                                                 Ter a afetividade e a aprendizagem como tema implica em envere
                                                    -dar por um caminho intrigante que envolve processos     psicológi-
                                                  cos difíceis de serem percebidos e desvendados. É ter a subjetivida-
                                                 de como objeto de pesquisa,o dinamismo da vida individual e cole-
                                                  tiva com toda a riqueza de significados dela transbordantes. (apud
                                                 Minayo, 1999,p.15, in Lima,2011)


Capovilla ,baseado em estudos, demonstra que em dezembro de 2001,segundo reportagens dos principais jornais do Brasil e do mundo, o Brasil foi o último colocado no ranking do Pisa ( Programa Internacional de avaliação de alunos).
O Jornal Folha de São Paulo traz o seguinte:
                                                    Alunos brasileiros ficam em último lugar em ranking de educação.Os
                                                   estudantes brasileiros que participaram ano passado do Pisa, ficaram em
                                                  Último lugar na avaliação, que analisou,pela primeira vez,o desempenho
                                                  de estudantes com 15anos nas redes públicas e particulares de ensino em
                                                 32 países (Folha de São Paulo, 2012)
Esse exame foi organizado pelo OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico ) e divulgado pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura).
O Jornal “Estado de São Paulo” publicou semelhante matéria onde se informa que:
                                                 O aluno brasileiro não compreende o que lê.
                                                          Revela o resultado do Pisa, divulgado ontem. Entre 32 países sub-
                                                                  metidos ao teste, o Brasil ficou em último lugar.A prova mediu   a
                                                                 Capacidade de leitura de estudantes de 15anos, independentemen-
                                                                 te da série em que estão matriculados.(Estado de São Paulo,2001)
Em uma entrevista concedida a Rede Psi,em 2003, Capovilla conceitua que o método global, ideovisual,utilizado atualmente e defendido pelo MEC, está atrasado em relação aos outros países.
Demonstra, baseado em suas próprias pesquisas empíricas, que a criança precisa que a Professora o ensine pelo método fônico e não pelo ideovisual.
A nossa criança, segundo a afirmação de Capovilla, é tratada como “o bom selvagem” de Rousseau. Acreditam que se ela entra em contato com os livros, ela se alfabetiza, o que não é verdade,pois para o estudioso, a linguagem é um código, que precisa ser decifrado e decodificado,não memorizado.
Fernando Capovilla faz uma crítica muito severa: a de que o Brasil está enchendo as clínicas de reabilitação, com crianças apontadas como disléxicas, e que na realidade nem são, porque a escola não está alfabetizando.
Na escola em que está sendo  feita a pesquisa de campo, com métodos qualitativos, o Departamento de Psicologia da UNESP de Assis tem atendido as crianças encaminhadas com relatórios de professores e a pedido dos pais.
Nesse espaço, foram criadas as salas de apoio pedagógico, para que sejam feitas as matrículas de crianças com defasagem idade/série ou que apresentam dificuldades de aprendizagem, em sua maioria, encaminhadas a psicólogos,fonoaudiólogos e psicopedagogos.
Todo ano é regra em uma classe de 25 a 30 alunos, ter uma média de 5 ou 6 por classe, que ao invés de ser reprovado no 2º Ano, é  matriculado em uma sala de apoio ou de reforço.
Geralmente, essas crianças não alcançaram o nível alfabético, durante o ano letivo.
O nível alfabético a que se refere é o alfabético inicial, a compreensão dos grafemas convertidos em fonemas, com leitura entrecortada e erros ortográficos na escrita.
As salas de apoio pedagógico têm menos alunos para que sejam atendidos em suas especificidades, sejam de que origem.
Esse Projeto de Pesquisa ainda está em andamento e não pretende apontar uma metodologia de ensino  superior ou inferior, mas mostrar, através de resultados que cabe aos professores aprofundarem suas pesquisas e entenderem quais são os processos que estão por trás da aprendizagem dos alunos nas séries iniciais,denominadas de salas de alfabetização e possam agir com autonomia e coerência.
Macedo convida a refletir.
                                    Mas o que se reivindica para a criança,há também de ser reinvindica-
                                          do ao professor.Ou seja, tem ele liberdade e responsabilidade para in-
                                          ventar ou experimentar suas próprias técnicas,para defender seus pon-
                                         tos de vista?(Macedo, p.51)





















OBJETIVOS

1.      Demonstrar, com elementos empíricos que as práticas de Alfabetização alcançam melhores resultados se o professor ou professora puder ter um controle da sua prática, utilizando metodologias diferenciadas, agindo de forma corente;
2.      Investigar práticas de alfabetização em uma escola pública em um determinado período de tempo consonante a sua abordagem teórico metodológica e seus resultados.
3.      Coletar dados, partindo de uma Pesquisa de campo, com métodos quantitativos e qualitativos relacionados a prática de sala de aula com um grupo de crianças.
4.      Analisar os enfoques teóricos metodológicos da Alfabetização e sua crítica sob uma perspectiva construtivista, defendida por Emília Ferreiro e Ana Teberosky e a proposta do Método Fônico e a sua crítica, defendida por Fernando e Alessandra Capovilla.
5.      Relacionar os discursos das duas fontes com o que foi trabalhado na sala de aula e apresentar os resultados alcançados.















METODOLOGIA

1.      Realização de Pesquisa participante e experimental, com o intuito de explorar o tema de Estudo;
2.      Levantamento de dados bibliográficos que fundamentam as investigações realizadas, comparando-as com os resultados obtidos;
3.      Atividades experimentais com o método misto, intercalando o trabalho com textos, aproveitando toda a orientação contida no Volume I do Programa Ler e Escrever e a utilização de atividades contidas no livro de Fernando Capovilla, Alfabetização: método fônico, Livro do Aluno;




















REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Documentos eletrônicos

Rocha, Fialho,Aline; “Alfabetizar letrando: um repensar da aquisição da língua escrita”
Acesso em 01/03/2012
OECD “Knowledge and Skill for life” Firsts result from  Pisa 2000- Documentário/Dez 2001- Fev 2002.
Acesso em: 02/03/2012
Disponível em:
Macedo, Lino de; “A Perspectiva de Jean Piaget” / Centro de Referência Educacional Mário Covas;
Acesso em 03/03/2012
Disponível em:
UFRGS, Blog da Psicologia da Educação “Emília Ferreiro, Alfabetização e Cultura Escrita”, entrevista com Emília Ferreiro concedida a Revista Nova Escola;
Acesso em: 04/03/2012
Disponível em:
Rede Psi, “Alfabetização no Brasil: uma metodologia ultrapassada” Entrevista com o Dr. Fernando Capovilla ; 25/01/06
Acesso em : 04/03/12
Capovilla, Fernando e Capovilla, Alessandra, “Construindo competência de leitura e escrita”, Casa do Psicólogo, 1ª Ed. 2005.
Acesso em 04/03/2012
Disponível em:
Vaz, Patrícia Nogueira da Silva  et all, “Concepções de Alfabetização, leitura e escrita” Revista Científica Eletrônica de Pedagogia, Ano VI, nº 11, Janeiro de 2008, Periódico Semestral;
Acesso em: 04/03/2012
Disponível em:
Lima, Fernandes, Aparecida Conceição: “A relação Afetividade-aprendizagem na sala de aula, enfocando situações de conflito Panizzi”;
Acesso em : 04/03/2012
Disponível em:
http://www.anped.org.br/reunioes/27/gt13/t132.pdf
Documentos impressos:
Ferreiro Emília, Teberosky, Ana “Psicogênese da Língua Escrita”, Ed. Artmed, São Paulo,2012;
Capovilla, Fernando et  all, “Alfabetização: Método fônico”, Memnon, São Paulo, 2007













sábado, 3 de março de 2012