quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Professor reflexivo/ O Plano de Alfabetização para a idade certa e seus resultados

Fonte:
https://novaescola.org.br/conteudo/7096/a-alfabetizacao-no-brasil-nao-avanca-sera-que-o-pnaic-falhou





Na batalha para eleger uma metodologia adequada para a efetivação da alfabetização das crianças no Brasil, o Plano de alfabetização para a idade certa foi uma iniciativa interessante, mas que gerou uma expectativa cuja dimensão não corresponde ao que de fato se encontrou na realidade.
As razões para o fracasso escolar no Brasil, tanto na área de alfabetização como em qualquer outra área, são inúmeras e é um olhar ingênuo pensar que um investimento na  formação continuada dos professores favoreceria esse processo que detém muitas variáveis.
A formação continuada é uma dessas áreas que precisa  ser melhorada , mas dotar as escolas de material escolar adequado também é.
A lousa digital é um bom recurso, mas se não existem possibilidades de produzir material impresso para ser a parte lógica da alfabetização em continuidade com o que se ensina nas aulas expositivas, ou concretas, como o uso de jogos e material concreto e lúdico , até mesmo o que se extrai do material do próprio PNAIC, é um processo deixado pela metade.
O ano de 2017 foi muito árduo, pois haviam muitas crianças (mais da metade de uma turma de 28 alunos), que estavam nos níveis iniciais do processo de alfabetização, entre o pré silábico e o silábico sem valor, além de não ter material específico para as crianças com laudo.
Quando eu já não podia mais produzir material específico, às minhas custas,  como ficha de leitura, cruzadinhas, caça-palavras, sílabas móveis, bingo e outros materiais diferenciados, o processo de alfabetização dos alunos estagnou.Não estou me colocando como vítima, houve a disponibilidade de materiais e recursos, como os livros didáticos e as apostilas do Projeto Ler e Escrever, mas esses materiais já trazem uma concepção de ensino contando com um conhecimento prévio em potencial adquirido nos anos da pré escola e no primeiro ano do Ensino Fundamental.
Há alguns alunos que não frequentaram a pré escola e nem absorvem nada no primeiro ano, sejam por quais razões, a alfabetização em processo é um caminho complicado.
Utilizei inclusive o que pude aproveitar do Projeto Trilhas, de um Curso que eu fazia pela Internet, para garantir a aprendizagem dos meus alunos, mas com a perfeita consciência que são caminhos feitos pela metade. Algumas crianças conseguiram evoluír no processo de ensino com a junção desses materiais.
Aquelas apostilas do Projeto Ler e Escrever do segundo ano possuem várias atividades desse nível mas que não são suficientes e são programadas com atividades do livro didático, o que torna o ensino conteúdista demais e as crianças não conseguem absorver tanta demanda, tanta coisa para aprender.
O foco seria a escolha de um material somente que desse conta de sanar as defasagens e alavancar os saberes , porém com uma condição de produzir um material específico de acordo com as necessidades dos alunos.
Lamento essa situação, pois eu vivenciei na própria pele, no Curso de Psicologia, segunda graduação, como aluna, o resultado da metodologia de uma professora que trouxe vários conteúdos, não aprofundando nenhum deles por falta de tempo hábil , com uma didática a ser melhorada  e ao fazer  as provas, tive um péssimo resultado , pois nunca se sabe o que se estudar quando tem muito a ser estudado e pouco tempo para assimilar o conteúdo.
As relações humanas também saem prejudicadas, pois as questões psicológicas contidas na possibilidade de não conseguir aprender , a angústia são bloqueios que vão agravando cada vez mais a possibilidade de aprendizagem desse tipo de relacionamento.
Percebi, naquele momento, o quanto sofre o meu aluno que não sabe ler e escrever e é colocado defronte a tanto material para ser estudado , com uma rigidez própria das escolas, em que é exigido o silêncio e o bom comportamento, sem poder adaptar-se.
Não fico angustiada ao saber que o PNAIC não trouxe os resultados esperados, pois a experiência em sala de aula e as dificuldades das professoras que observo e compartilho, já colocava essa situação como plausível.
Minha angústia é saber de que forma vou produzir um material que atenda a especificidade da dificuldade que meus alunos trarão e o tipo de professora que serei para estabelecer um vínculo de confiança onde meu aluno entenda que ele pode aprender...




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