Ler
e Escrever em um mundo de mudanças.
Fonte:http://edu.edomex.gob.mx/WSLeer/Docs/Reflex_05_Conferencia.pdf
" Conferência: Centro de Maestros de Atizapán em Zaragoza, pasado i presente de los verbos; Leer y escribir"
Conferência com Emilia Ferreiro
Esse artigo em espanhol, reúne o apurado em três
conferências que tiveram a presença de Emilia Ferreiro, discursando sobre questões importantes a respeito das
práticas da leitura e da escrita.
Os tópicos abordados foram:
·
Ler e escrever em um mundo de mudanças
·
Passado e futuro do verbo Ler
·
Diversidade e processo de alfabetização
·
A configuração e a tomada de consciência
A autora, Emilia Ferreiro dá uma nova contribuição ao debate (antigo) sobre Ler e escrever. Ressitua o debate em torno de todos os
profissionais que trabalham em torno da escrita e da leitura com respeito as
problemáticas da Alfabetização, falando sobre as regras da Instituição
educativa e sobre as novas tecnologias.
Segundo a autora, as práticas diversas e os modos de ler
têm a ver com o social e com o histórico. Nesse momento, Ferreiro propõe uma
observação que retoma questões da História cultural para sustentar sua tese.
O surgimento da escrita prática deu origem a uma
diversidade que forneceu um caráter misto a todas as questões referentes as
práticas de alfabetização, com políticas subsequentes que tendem a democratizar
e a padronizar , e ao mesmo tempo negam a diversidade.
Apontam, na visão da autora, apenas uma concepção de
escrita que conduz a um único método de alfabetização, uma ideia de leitor e de
padrão de ensino.
A nova realidade mundial também sugere anulação de
diferenças e de contrastes.
Mas para Emilia, que está atenta ao “multilinguismo multicultural”
, essa diversidade tem um significante: o estabelecimento de equivalência entre
a igualdade e a disputa.
Fazendo uma inferência, concluo que a autora quer mesmo é
dizer que todos os discursos podem ser validados pela força da cultura que os cerca.
Deve haver equilíbrio e bom senso, apontando para uma crítica sutil a
homogeneização das práticas alfabetizadoras.
Devemos educar para a diversidade, prevendo novas
estratégias de ensino que dê conta da singularidade de nossos alunos: atentas a
realidade de que cada criança aprende de um jeito e isso não combina com a
rigidez do currículo engessado e nem com a autoridade “autoritária” dos comandos hierarquizantes.
Voltando ao discurso de Emilia Ferreiro nessa
Conferência, ela mesma ressaltou que crianças são contemporâneas, descontrói-se
nessa observação a imagem da criança tábula rasa.
Se a criança é contemporânea, ela traz para a escola toda
a bagagem do aprendido fora dos bancos escolares e temos, como educadoras, de
dar valor a isso.
Para a autora, a criança tem direito a tecnologia, mas
também tem direito a sua singularidade.
Ela verifica que podemos entender que atrás de uma mão
segurando um lápis não temos só um par de olhos, ou uma cabeça, temos um
sujeito com suas particularidades.
Na nossa época, aprender a ler e a escrever não são
sinais de sabedoria (o não referente místico e mágico), mas um sinal de
cidadania.
A Democracia traz a Escola pública como um direito de
Cidadania, própria de um cidadão consciente de seus direitos e
responsabilidades.
No entanto, na visão da autora, o analfabetismo não foi
superado em países pobres.
Os países pobres não apresentam taxas significativas de
letramento e de alfabetização, não acentua o gosto por ler e nem forma leitores
plenos.
Não adianta ter tantos livros impressos, sejam os
literários ou os informativos, e tanto material para trabalho, se não há um
consenso sobre que tipo de alfabetização e de letramento estamos dando.
Em minha opinião, falta autonomia para os professores.O
sistema estatal ainda vigia e pune todas as aventuras no campo da
alfabetização.
No meu TCC sobre alfabetização, critiquei duramente os
materiais de ensino a quem devemos obediência, esse ensino engessado e
currículo idem, que são muito aproveitados por alguns alunos e prejuízo para
outros.
Recebi, por parte do sistema, em devolutiva da inovação, ações
injustas com pretensão de silenciar e de disciplinar, controle aversivo.
Propunha, no final das contas, mais autonomia para que
fosse implantado no currículo brasileiro o direito ao misto, alfabetizar usando
tendências construtivistas e fônicas, partindo do princípio que os métodos são
para os professores e não os professores para os métodos.
Estamos no tempo que ainda não é permitido pensar. Parafraseando Emilia Ferreiro,
professores também são contemporâneos.
Temos que olhar para nossos professores e validar,
valorizando seus construtos reflexivos.
Se a Democracia aumentou o número de leitores, não
aumentou o número de decifradores, ou seja, quem interpreta e compreende o que
lê.
Uma comunidade de leitores só será formada com alunos que
interpretem o que é lido, para fundamentar e formar um patrimônio cultural, que
se faz cultura com interpretação e aprofundamento.
Essa ressalva poderia ser utilizada somente para os
alunos, mas há professores que não aprenderam a gostar de ler, e quem pouco lê,
pouco interpreta e compreende o que lê.
Como vai dar conta de ensinar o que não sabe?
Para Ferreiro, a criança não precisa ser empurrada para
aprender a ler e a escrever, ela o faz por prazer, porque se o adulto valoriza
as práticas de leitura e escrita e as usa isso será uma fonte de interesse.
Todos os objetos que os adultos dão importância é objeto de atenção das crianças.
Se eles percebem
que as letras são importantes eles vão tentar apropriar-se delas.
Para as crianças, segundo Ferreiro, não existe a
necessidade de estar motivado para aprender. Isso é próprio delas, ao
perceberem que os adultos se interessam pelas letras, elas vão querer se
apropriar delas. Elas não podem parar de aprender, porque faz parte do seu
crescimento.
Em palavras textuais, assim se referiu a autora:
“Meu papel como pesquisadora é saber que as crianças
pensam sobre o que estão escrevendo.
Seu pensamento tem interesse, coerência, validade e
potencial extraordinário na educação. Devemos ouvi-las. Não devemos reduzir uma
criança a um par de olhos que veem, ou ouvidos que ouvem e que possuem aparelho
fonatório ou uma mão segurando um lápis. Atrás desse conjunto, há um ser que
pensa.
Devemos recordar também que a Alfabetização não é um
luxo, é uma obrigação, é um direito.
Entre "imperfeito passado" e "Futuro
Simples", está o germe de um
"presente contínuo", que pode gestar um futuro complexo, isto é, novas
formas de fazer sentido (totalmente democrático) para verbos como "Ler" e "escrever".
Para autora, o interesse inicial da criança sobre
práticas de leitura e de escrita, é que, para ela, esse é um “mundo mágico”.
Depois, percebem que é preciso paciência e treinamento.
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