domingo, 22 de junho de 2014

Passado e Presente do verbo escrever Conferência com Emilia Ferreiro

Ler e Escrever em um mundo de mudanças.


Fonte:http://edu.edomex.gob.mx/WSLeer/Docs/Reflex_05_Conferencia.pdf

" Conferência: Centro de Maestros de Atizapán em Zaragoza, pasado i presente de los verbos; Leer y escribir"

Conferência com Emilia Ferreiro





Esse artigo em espanhol, reúne o apurado em três conferências que tiveram a presença de Emilia Ferreiro, discursando  sobre questões importantes a respeito das práticas da leitura e da escrita.
Os tópicos abordados foram:
·        Ler e escrever em um mundo de mudanças
·        Passado e futuro do verbo Ler
·        Diversidade e processo de alfabetização
·        A configuração e a tomada de consciência
A autora, Emilia Ferreiro dá uma nova contribuição  ao debate (antigo) sobre Ler e escrever.  Ressitua o debate em torno de todos os profissionais que trabalham em torno da escrita e da leitura com respeito as problemáticas da Alfabetização, falando sobre as regras da Instituição educativa e sobre as novas tecnologias.
Segundo a autora, as práticas diversas e os modos de ler têm a ver com o social e com o histórico. Nesse momento, Ferreiro propõe uma observação que retoma questões da História cultural para sustentar sua tese.
O surgimento da escrita prática deu origem a uma diversidade que forneceu um caráter misto a todas as questões referentes as práticas de alfabetização, com políticas subsequentes que tendem a democratizar e a padronizar , e ao mesmo tempo negam a diversidade.
Apontam, na visão da autora, apenas uma concepção de escrita que conduz a um único método de alfabetização, uma ideia de leitor e de padrão de ensino.
A nova realidade mundial também sugere anulação de diferenças e de contrastes.
Mas para Emilia, que está atenta ao “multilinguismo multicultural” , essa diversidade tem um significante: o estabelecimento de equivalência entre a igualdade e a disputa.
Fazendo uma inferência, concluo que a autora quer mesmo é dizer que todos os discursos podem ser validados pela força da cultura que os cerca. Deve haver equilíbrio e bom senso, apontando para uma crítica sutil a homogeneização das práticas alfabetizadoras.
Devemos educar para a diversidade, prevendo novas estratégias de ensino que dê conta da singularidade de nossos alunos: atentas a realidade de que cada criança aprende de um jeito e isso não combina com a rigidez do currículo engessado e nem com a autoridade “autoritária”  dos comandos hierarquizantes.
Voltando ao discurso de Emilia Ferreiro nessa Conferência, ela mesma ressaltou que crianças são contemporâneas, descontrói-se nessa observação a imagem da criança tábula rasa.
Se a criança é contemporânea, ela traz para a escola toda a bagagem do aprendido fora dos bancos escolares e temos, como educadoras, de dar valor a isso.
Para a autora, a criança tem direito a tecnologia, mas também tem direito a sua singularidade.
Ela verifica que podemos entender que atrás de uma mão segurando um lápis não temos só um par de olhos, ou uma cabeça, temos um sujeito com suas particularidades.
Na nossa época, aprender a ler e a escrever não são sinais de sabedoria (o não referente místico e mágico), mas um sinal de cidadania.
A Democracia traz a Escola pública como um direito de Cidadania, própria de um cidadão consciente de seus direitos e responsabilidades.
No entanto, na visão da autora, o analfabetismo não foi superado em países pobres.
Os países pobres não apresentam taxas significativas de letramento e de alfabetização, não acentua o gosto por ler e nem forma leitores plenos.
Não adianta ter tantos livros impressos, sejam os literários ou os informativos, e tanto material para trabalho, se não há um consenso sobre que tipo de alfabetização e de letramento estamos dando.
Em minha opinião, falta autonomia para os professores.O sistema estatal ainda vigia e pune todas as aventuras no campo da alfabetização.
No meu TCC sobre alfabetização, critiquei duramente os materiais de ensino a quem devemos obediência, esse ensino engessado e currículo idem, que são muito aproveitados por alguns alunos e prejuízo para outros.
Recebi, por parte do sistema, em devolutiva da inovação, ações injustas com pretensão de silenciar e de disciplinar, controle aversivo.
Propunha, no final das contas, mais autonomia para que fosse implantado no currículo brasileiro o direito ao misto, alfabetizar usando tendências construtivistas e fônicas, partindo do princípio que os métodos são para os professores e não os professores para os métodos.
Estamos no tempo que ainda  não é permitido pensar. Parafraseando Emilia Ferreiro, professores também são contemporâneos.
Temos que olhar para nossos professores e validar, valorizando seus construtos reflexivos.
Se a Democracia aumentou o número de leitores, não aumentou o número de decifradores, ou seja, quem interpreta e compreende o que lê.
Uma comunidade de leitores só será formada com alunos que interpretem o que é lido, para fundamentar e formar um patrimônio cultural, que se faz cultura com interpretação e aprofundamento.
Essa ressalva poderia ser utilizada somente para os alunos, mas há professores que não aprenderam a gostar de ler, e quem pouco lê, pouco interpreta e compreende o que lê.
Como vai dar conta de ensinar o que não sabe?
Para Ferreiro, a criança não precisa ser empurrada para aprender a ler e a escrever, ela o faz por prazer, porque se o adulto valoriza as práticas de leitura e escrita e as usa isso será uma fonte de interesse.
Todos os objetos que os adultos dão importância é  objeto de atenção das crianças.
 Se eles percebem que as letras são importantes eles vão tentar apropriar-se delas.
Para as crianças, segundo Ferreiro, não existe a necessidade de estar motivado para aprender. Isso é próprio delas, ao perceberem que os adultos se interessam pelas letras, elas vão querer se apropriar delas. Elas não podem parar de aprender, porque faz parte do seu crescimento.
Em palavras textuais, assim se referiu a autora:

“Meu papel como pesquisadora é saber que as crianças pensam sobre o que estão escrevendo.
Seu pensamento tem interesse, coerência, validade e potencial extraordinário na educação. Devemos ouvi-las. Não devemos reduzir uma criança a um par de olhos que veem, ou ouvidos que ouvem e que possuem aparelho fonatório ou uma mão segurando um lápis. Atrás desse conjunto, há um ser que pensa.
Devemos recordar também que a Alfabetização não é um luxo, é uma obrigação, é um direito.
Entre "imperfeito passado" e "Futuro Simples", está  o germe de um "presente contínuo", que pode gestar um futuro complexo, isto é, novas formas de fazer sentido (totalmente democrático) para verbos  como "Ler" e "escrever".
Para autora, o interesse inicial da criança sobre práticas de leitura e de escrita, é que, para ela, esse é um “mundo mágico”.
Depois, percebem que é preciso paciência e treinamento.


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