Gilza Garms, do Departamento da Educação do Curso de
Pedagogia, da UNESP de Assis, um dia, iniciou a sua aula, do Curso de
Habilitação do Magistério para a Educação Infantil com esses termos: Infância
roubada.
Utilizando um texto de Sônia Kramer, ela nos falou de
crianças que vivem dentro de esgotos e de crianças que são adultizadas
precocemente, utilizando maquiagem, sapatos de salto alto, e que gastam muito
dinheiro em salões de beleza.
Esses dois grupos de crianças tem a sua infância roubada.
Crianças que entram na escola e não conseguem se alfabetizar
ou se tornam analfabetos funcionais, também tem a sua infância roubada. Não
apenas a infância, mas a adolescência, a vida adulta,
Crianças que são vítimas de maus tratos, abusos sexuais, privação
de afeto, alienação parental, falta de alimentos, higiene precária ou
inexistente, moradia inadequada.
É evidente que toda criança que sofre maus tratos na
infância tem uma possibilidade maior de ser um adulto agressor.
O livro de Michael Lewis “Alterando o destino” que trata da
forma como educamos as nossas crianças pontua que devemos respeitar a vontade
da criança e conduzi-la não como um sujeito refém dos seus estágios de
desenvolvimento, mas, sobretudo alguém que tenha direito de fazer as suas
próprias escolhas desde a mais tenra idade.
Isso não quer dizer que as crianças devem ser entregues a si
mesma, sem a direção ou a orientação dos adultos, mas sim, que o professor
consiga enxergar o seu papel de mediador na aquisição do ensino e ser
colaborador e construtor e tratar a criança como um sujeito de direitos e
deveres, mostrando a ela que pode modificar sua história de vida se assim o
quiser.
Penso que as instituições públicas devem investir na
criança, pois uma criança na escola recebendo alimentação, dignidade e educação
adequadas é um adulto a menos em uma cadeia no dia de amanhã.
Peço ao Senhor Secretário da Educação em Assis que não interrompa
o Projeto Beija Flor, pois ali vidas são reconstruídas e novas histórias podem
ser contadas.
Sugiro a Professora Ângela Canassa, caso seja eleita
Prefeita de Assis que continue o excelente trabalho social desenvolvido na sua
Gestão como Secretária da Educação.
Solicito também ao Departamento de Psicologia da UNESP de
Assis que crie cursos de formação continuada do desenvolvimento infantil para que se entenda de forma científica como são as
estruturas cognitivas, afetivas e culturais das crianças e como os professores podem,
a partir desse conhecimento, ter um norte mais adequado para trabalhar com as
crianças com dificuldades de aprendizagem e alunos superdotados.
O Brasil hoje conta com uma mulher na Presidência e ainda
que se circule boatos de que a nossa Presidenta seja a favor do aborto, ela tem
estado a frente de políticas públicas para atender as crianças de baixa renda.
Mas não é necessário somente dar o peixe, é necessário
ensinar a pescá-lo.
Estimular a população na busca do conhecimento que liberta
suas vidas da miséria e da opressão.
Imagino que quando Fernando Capovilla acusa a Psicologia de
omissão no atendimento das crianças brasileiras, ele o faz em parte porque tem certa
razão, e em parte porque essas abordagens são evitadas, por serem complexas e difíceis
de trabalhar.
Mas existe o ponto de partida e eu, como Professora, ciente
da minha situação de devir professora e visualizando o meu aluno como devir
aluno, parto desses devires para colocar uma minhoquinha do bem nas cabeças das pessoas conscientes que estão
lendo esse Blog.
Uma minhoquinha que não é caraminhola, mas que é a secreta
esperança que a infância de nossas crianças não seja mais roubada, mas
acrescentada e vivenciada na sua forma mais plena.*
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