PATRÍCIA RODRIGUES
RUIZ
ALFABETIZAÇÃO NA ESCOLA PÚBLICA
Epistemologia na
relação sujeito-objeto, práticas de alfabetização em face da realidade.
UNESP
2012
PATRICIA RODRIGUES
RUIZ
ALFABETIZAÇÃO
NA ESCOLA PÚBLICA:
Epistemologia na relação
sujeito-objeto, práticas de alfabetização em face da realidade
Projeto de Pesquisa apresentado ao Departamento de
Psicologia da
Faculdade de Ciências e Letras de Assis
,sob a orientação do Profº Drº Leonardo Lemos de So
-uza para aprovação no Curso de Mestrado na Facul-
dade de Ciências e Letras de Assis, UNESP, 2012.
ALFABETIZAÇÃO NA ESCOLA
PÚBLICA
Patrícia Rodrigues Ruiz*
Resumo: A
presente pesquisa apresenta dados epistemológicos na relação sujeito-objeto,
tendo sujeito como o aluno ou aluna da
escola pública e o objeto a prática de alfabetização que se insere no contexto.
Aponta aportes teóricos vindos da abordagem de Jean Piaget e
os relacionam com alguns dados obtidos em uma escola pública concernente as
salas de Alfabetização, no período de fevereiro de 2009 a Março de 2012.
Na segunda parte do trabalho, demonstra, num mapa de
sondagem diagnóstica, alterações sobre as aquisições da leitura e da escrita num
período determinado de tempo, feitas em uma sala de alfabetização. Um trabalho
que se inicia no ano letivo de 2012, e que procurará obter informações relevantes,
colaborando na construção de conhecimento da área delimitada.
Os dados da Pesquisa foram
obtidos através de dados empíricos,
buscando relações teórico-metodológicas e reflexões advindas dos conhecimentos
de uma Disciplina optativa de Pós Graduação: Cognição, Afetividade e Cultura.
Palavras chave: Alfabetização, aluno, escola pública, ensino,
fundamental.
Abstract: This study presents
data on the epistemological subject-object relation,
and subject as a student or public school studentand
the object the practice of literacy that fits into the context.
Points from the theoretical contributions of Jean Piaget approachand relate to some data obtained in a public school classroomsregarding Literacy, from February 2009 to March 2012.
In the second part of the work demonstrates a survey map ofdiagnostic changes on the acquisition of reading and writing within a specified period of time, made in a classroom literacy.
A work that began in academic year 2012, and seek relevant information, helping to build knowledge from outside the area.
The data of this research were obtained from empirical data, searching for relationships and theoretical and methodologicalreflections that come from the knowledge of a discipline electiveGraduate: Cognition, Emotions and Culture.
Keywords: Literacy, students, public school teaching, fundamental.
Points from the theoretical contributions of Jean Piaget approachand relate to some data obtained in a public school classroomsregarding Literacy, from February 2009 to March 2012.
In the second part of the work demonstrates a survey map ofdiagnostic changes on the acquisition of reading and writing within a specified period of time, made in a classroom literacy.
A work that began in academic year 2012, and seek relevant information, helping to build knowledge from outside the area.
The data of this research were obtained from empirical data, searching for relationships and theoretical and methodologicalreflections that come from the knowledge of a discipline electiveGraduate: Cognition, Emotions and Culture.
Keywords: Literacy, students, public school teaching, fundamental.
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*Patrícia Rodrigues Ruiz é Professora do Ensino Fundamental
na Secretaria da Educação de Assis e pós graduanda na Disciplina “Cognição,
Afetividade e Cultura” no Depto de Psicologia da UNESP de Assis
Introdução
Jean Piaget, ao criar a Teoria do Desenvolvimento humano, trouxe
uma contribuição ímpar para a Psicologia Cognitiva.
Inicialmente, pode-se asseverar que Piaget não escreveu
sobre a aprendizagem das crianças e sim, sobre o seu desenvolvimento
biopsicossocial,segundo conceitua Lino de Macedo (2012).
Lino de Macedo (2012), no site “Centro de Referência a
Educação”, afirma que, sob a perspectiva de Piaget, a aprendizagem...” refere-se à aquisição de uma resposta
particular, aprendida em função da experiência, seja ela obtida de forma
sistemática ou não.”
O autor reforça a idéia de que os professores devem saber
quais são os esquemas operatórios de Jean Piaget, para
“... poderem apreciar a direção do desenvolvimento psicológico
na perspectiva de Piaget. Saber de onde a criança vem e para on-
de vai, em termos de desenvolvimento, é,em uma perspectiva
genética tão importante quanto saber onde ela está, ainda que um
aspecto não anule o outro”.(Macedo, 2012).
Nessa fase, ao entrar no Ensino Fundamental, a
criança tem a idade de seis anos e está no estágio pré-operatório. Estrutura
suas representações ,segundo Piaget , de forma justaposta, sincrética e
egocêntrica. Seu raciocínio é transdutivo e sua compreensão é de natureza
intuitiva e semi-reversível (idem).
Macedo afirma que o professor deve saber mais do que
essas razões psicológicas do desenvolvimento infantil. Ele deve, também,
abordando essas informações, instrumentalizar sua prática pedagógica.
Para
Piaget, um dos principais objetivos da educação pré-
Escolar seria ensinar a criança a observar os fatos cuidado-
samente, em especial ,quando
esses são contrários aos pre-
vistos por ela. (Ibidem, p.50).
Desse modo, observa-se que uma
formação sólida e que contenha um aporte teórico-metodológico suficiente,
contribua para que os professores exerçam o seu ofício de forma consciente a
atenta as transformações de ordem cognitiva, afetiva e cultural das crianças.
No Ensino Fundamental de nove
anos, no 1º ano, a criança, pela ótica de Piaget, está no Pré-Operatório, , o
que pode tornar difícil o trabalho do docente, que está apegado ao modo
tradicional, que não inseriu o lúdico e os jogos simbólicos em suas aulas.
Tal afirmativa parte do
pressuposto originado na minha prática da sala de aula.
Nessa fase, a criança tem características
que interferem decisivamente na aquisição da leitura e da escrita, que é a interiorização
de esquemas de ação, construídos no estágio anterior, sendo egocêntrica,
querendo descobrir a razão das coisas e está na fase dos porquês.
Tem bastante percepção, mas se
detém na aparência, sem relacionar os fatos que antecederam as experiências.
Utiliza de esquemas de
assimilação e acomodação frente ao novo para construir o seu conhecimento.
Esquemas de assimilação e de
acomodação vão sendo colocados em prática a todo o momento, para que as
crianças construam seus conhecimentos e se apropriem do objeto de alfabetização:
adquirir domínio sobre a leitura e sobre a escrita.
Emília Ferreiro conceitua em seu
livro, que a construção primeira da leitura e da escrita ocorre antes da
criança entrar na escola, e essa criança ela denomina de “sujeito que busca a
aquisição do próprio conhecimento, que se propõe problemas e que passa a
solucioná-los, segundo a própria metodologia”. (1999, p.27).
Em entrevista concedida a
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Ferreiro afirma que os defensores do
Método fônico não levam em consideração que a criança tem um nível de
Conscientização sobre a escrita antes de entrar na escola.
Sobre essa questão, a
autora afirma que não aceita discutir alfabetização hoje nos mesmos termos que
se discutia nos anos 1920.
Ela afirma que
Os
defensores do método fônico não levam em conta um dado que
hoje
sabemos ser fundamental,que é o nível de conscientização da
criança sobre a escrita.Ignorar que ela pensa e tem condições de escre-
ver
muito cedo é um retrocesso.Eu não admito que a proíbam de es-
crever.A tradição fônica sempre foi dominante nos países anglo-saxô-
es.Felizmente, não é o que acontece nos
países latinos.(UFRGS,2008)
O que diferencia as descobertas
de Ferreiro das de Capovilla, (1989), é que, para a autora, a escrita
representa a fala, não sendo necessário fazer a associação entre letras e sons inicialmente
(Silva et all, 2008).
A linha teórica de Ferreiro se
guia por uma abordagem construtivista-interacionista da aprendizagem.
No entanto, guiados por índices alarmantes de fracasso escolar,
Fernando e Alessandra Capovilla, lançaram, em 2008, um livro com uma proposta
diferenciada de Alfabetização, onde colocam na metodologia de Ferreiro, discípula
de Piaget, a causa do fracasso da alfabetização dos escolares brasileiros.
O método, chamado de global, tem
feito com que a aprendizagem no Brasil não ocorra.
Uma coisa é entender os
resultados da pesquisa de Ferreiro e Teberosky,como contribuição ao
conhecimento científico e outra bem diferente, é insistir em métodos falhos que
não estão dando resultado.
Não se deve, contudo, ignorar as
dificuldades econômicas,históricas,sociais,culturais que é a realidade no
Brasil e que contribui de forma negativa
na aprendizagem.
Questões afetivas também fazem
parte desse universo em que os
complicadores da questão nem sempre são refletidos o suficiente.
Ter a afetividade e a aprendizagem
como tema implica em envere
-dar por um caminho intrigante que envolve processos psicológi-
cos difíceis de serem percebidos e desvendados. É ter a subjetivida-
de como objeto de pesquisa,o dinamismo da vida individual e cole-
tiva com toda
a riqueza de significados dela transbordantes. (apud
Minayo, 1999,p.15, in Lima,2011)
Capovilla ,baseado em estudos,
demonstra que em dezembro de 2001,segundo reportagens dos principais jornais do
Brasil e do mundo, o Brasil foi o último colocado no ranking do Pisa ( Programa
Internacional de avaliação de alunos).
O Jornal Folha de São Paulo traz
o seguinte:
Alunos brasileiros ficam em último
lugar em ranking de educação.Os
estudantes brasileiros que participaram ano passado do Pisa, ficaram em
Último lugar na avaliação, que analisou,pela primeira vez,o desempenho
de estudantes com 15anos nas redes públicas e particulares de ensino em
32 países
(Folha de São Paulo, 2012)
Esse exame foi organizado pelo OCDE (Organização
para Cooperação e Desenvolvimento Econômico ) e divulgado pelo MEC (Ministério
da Educação e Cultura).
O Jornal “Estado de São Paulo” publicou semelhante
matéria onde se informa que:
O
aluno brasileiro não compreende o que lê.
Revela o resultado do Pisa, divulgado ontem. Entre 32
países sub-
metidos ao teste, o Brasil ficou em último lugar.A prova mediu a
Capacidade de leitura de estudantes de 15anos, independentemen-
te da série em que estão matriculados.(Estado de São Paulo,2001)
Em uma entrevista
concedida a Rede Psi,em 2003, Capovilla conceitua que o método global,
ideovisual,utilizado atualmente e defendido pelo MEC, está atrasado em relação
aos outros países.
Demonstra, baseado em
suas próprias pesquisas empíricas, que a criança precisa que a Professora o
ensine pelo método fônico e não pelo ideovisual.
A nossa criança,
segundo a afirmação de Capovilla, é tratada como “o bom selvagem” de Rousseau. Acreditam
que se ela entra em contato com os livros, ela se alfabetiza, o que não é
verdade,pois para o estudioso, a linguagem é um código, que precisa ser
decifrado e decodificado,não memorizado.
Fernando Capovilla faz
uma crítica muito severa: a de que o Brasil está enchendo as clínicas de
reabilitação, com crianças apontadas como disléxicas, e que na realidade nem
são, porque a escola não está alfabetizando.
Na escola em que está
sendo feita a pesquisa de campo, com
métodos qualitativos, o Departamento de Psicologia da UNESP de Assis tem
atendido as crianças encaminhadas com relatórios de professores e a pedido dos
pais.
Nesse espaço, foram
criadas as salas de apoio pedagógico, para que sejam feitas as matrículas de
crianças com defasagem idade/série ou que apresentam dificuldades de aprendizagem,
em sua maioria, encaminhadas a psicólogos,fonoaudiólogos e psicopedagogos.
Todo ano é regra em uma
classe de 25 a 30 alunos, ter uma média de 5 ou 6 por classe, que ao invés de
ser reprovado no 2º Ano, é matriculado
em uma sala de apoio ou de reforço.
Geralmente, essas
crianças não alcançaram o nível alfabético, durante o ano letivo.
O nível alfabético a
que se refere é o alfabético inicial, a compreensão dos grafemas convertidos em
fonemas, com leitura entrecortada e erros ortográficos na escrita.
As salas de apoio
pedagógico têm menos alunos para que sejam atendidos em suas especificidades,
sejam de que origem.
Esse Projeto de
Pesquisa ainda está em andamento e não pretende apontar uma metodologia de
ensino superior ou inferior, mas
mostrar, através de resultados que cabe aos professores aprofundarem suas
pesquisas e entenderem quais são os processos que estão por trás da
aprendizagem dos alunos nas séries iniciais,denominadas de salas de
alfabetização e possam agir com autonomia e coerência.
Macedo convida a
refletir.
Mas
o que se reivindica para a criança,há também de ser reinvindica-
do ao professor.Ou seja,
tem ele liberdade e responsabilidade para in-
ventar ou experimentar suas próprias técnicas,para defender seus pon-
tos de
vista?(Macedo, p.51)
OBJETIVOS
1. Demonstrar,
com elementos empíricos que as práticas de Alfabetização alcançam melhores
resultados se o professor ou professora puder ter um controle da sua prática,
utilizando metodologias diferenciadas, agindo de forma corente;
2. Investigar
práticas de alfabetização em uma escola pública em um determinado período de
tempo consonante a sua abordagem teórico metodológica e seus resultados.
3. Coletar
dados, partindo de uma Pesquisa de campo, com métodos quantitativos e
qualitativos relacionados a prática de sala de aula com um grupo de crianças.
4. Analisar
os enfoques teóricos metodológicos da Alfabetização e sua crítica sob uma
perspectiva construtivista, defendida por Emília Ferreiro e Ana Teberosky e a
proposta do Método Fônico e a sua crítica, defendida por Fernando e Alessandra
Capovilla.
5. Relacionar
os discursos das duas fontes com o que foi trabalhado na sala de aula e apresentar
os resultados alcançados.
METODOLOGIA
1. Realização
de Pesquisa participante e experimental, com o intuito de explorar o tema de
Estudo;
2. Levantamento
de dados bibliográficos que fundamentam as investigações realizadas,
comparando-as com os resultados obtidos;
3. Atividades
experimentais com o método misto, intercalando o trabalho com textos,
aproveitando toda a orientação contida no Volume I do Programa Ler e Escrever e
a utilização de atividades contidas no livro de Fernando Capovilla, Alfabetização:
método fônico, Livro do Aluno;
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Documentos eletrônicos
Rocha,
Fialho,Aline; “Alfabetizar letrando: um repensar da aquisição da língua
escrita”
Acesso em 01/03/2012
Disponível em: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/let02.pdf
OECD
“Knowledge and Skill for life” Firsts result from Pisa 2000- Documentário/Dez 2001- Fev 2002.
Acesso em: 02/03/2012
Disponível em:
Macedo,
Lino de; “A Perspectiva de Jean Piaget” / Centro de Referência Educacional
Mário Covas;
Acesso em 03/03/2012
Disponível em:
UFRGS, Blog da
Psicologia da Educação “Emília Ferreiro, Alfabetização e Cultura Escrita”,
entrevista com Emília Ferreiro concedida a Revista Nova Escola;
Acesso em: 04/03/2012
Disponível em:
Rede Psi,
“Alfabetização no Brasil: uma metodologia ultrapassada” Entrevista com o Dr.
Fernando Capovilla ; 25/01/06
Acesso em : 04/03/12
Capovilla,
Fernando e Capovilla, Alessandra, “Construindo competência de leitura e
escrita”, Casa do Psicólogo, 1ª Ed. 2005.
Acesso em 04/03/2012
Disponível em:
Vaz, Patrícia
Nogueira da Silva et all,
“Concepções de Alfabetização, leitura e escrita” Revista Científica Eletrônica
de Pedagogia, Ano VI, nº 11, Janeiro de 2008, Periódico Semestral;
Acesso em: 04/03/2012
Disponível em:
Lima, Fernandes,
Aparecida Conceição: “A relação Afetividade-aprendizagem na sala de aula,
enfocando situações de conflito Panizzi”;
Acesso em : 04/03/2012
Disponível em:
http://www.anped.org.br/reunioes/27/gt13/t132.pdf
Documentos impressos:
Ferreiro Emília, Teberosky, Ana “Psicogênese da Língua
Escrita”, Ed. Artmed, São Paulo,2012;
Capovilla,
Fernando et all, “Alfabetização: Método fônico”,
Memnon, São Paulo, 2007
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